Amigo-Oculto
Pois é, na minha família, todo Natal, temos o costume de fazer amigo-oculto. É uma estratégia para que todos ganhem presentes, visto que somos seis irmãos, mais os respectivos e mais as crianças, num total de 17 pessoas! Muita gente e pouca grana para presentear a todos, fora sogros, cunhados e sobrinhos do lado do Rubens. Assim, a figura do amigo-oculto é presença certa nos nossos Natais. Numa família de gente como a minha, ou seja, que adora quebrar as regras, o amigo-oculto vira amigo-revelado uma semana antes do dia 25/12. Fora os “picaretas” que trocam os papéis sorteados por preferirem fulano ou beltrano para presentear. Ninguém quer o cunhado “rico” pois o presente precisa ser à altura, rs... Todo mundo quer gastar o mínimo e ganhar o máximo, rs...
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A satisfação maior de minha irmã (nº1) é descobrir quem tirou quem e não descansa até fazê-lo. Assim que pegamos os papéis, ela começa a perguntar quem tiramos e como todo ano me nego a respondê-la, a mulher levanta uma cruzada para descobrir. Depois do sorteio, cada um escreve numa lista suas sugestões de presentes e aí a “palhaçada” se completa. Uns vão colocando sugestões de presentes para os outros: notebook, carro, “passar-no-concurso”, “trazer-para-a-festa-de-Natal-o-fulano-namorado-da-mãe”, etc... Rs...
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Esse tal “fulano” é a “loucura” da minha mãe. Ela faz tudo por ele, mas o cara é do tipo “não-quero-compromisso”. Aí não dá certo, minha mãe o convida para o natal e se ele não aparece, ela azeda e vai dormir cedo. Mas se ele vai, nossa como é bom! Minha mãe fica que nem “pinto no lixo” de tanta alegria e animação, rs... Nossa família é tipo a “grande família”, rs... Cada figura...um mais engraçado que o outro. Meu irmão (nº3) soltou: - Qualquer garrafa de cachaça convence o fulado a vir! Foi uma algazarra geral!
No sábado, minha mãe organizou o churrasco beneficente do pré-Natal para conseguir fundos para a ceia. Rs... é sério! – Quem dará o pernil? Quem dará as bebidas? E assim por diante, ela “leiloava” a ceia. Dos seis filhos, quatro são empregados e dividem as despesas da festa.
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Assim que chegamos à casa de minha mãe, o “brilhante” Dudu, hoje mesversariando 2 anos e 3 meses, abraçou o namorado de minha irmã (nº4) e disse:
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- Tio Faófa (Rafael), vou po shopping compá um pesente pôcê! Vc vai ficar feliz?
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Meus irmãos caíram na gargalhada gritando que haviam descoberto quem eu tirei no amigo-oculto. Rs.... O Dudu deu com língua nos dentes e revelou meu amigo-oculto. A gente pensa que criança não presta atenção ao que falamos, mas eles escutam tudo!
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Enquanto eu combinava com o Rubens de ir ao shopping comprar o presente do Rafael (meu amigo-oculto) o Dudu ouviu e revelou o segredo na hora em que botamos os pés na casa de minha mãe. Rs... Posso? Depois disso, estou muito cuidadosa com o que falo, afinal, tenho um “dedinho-duro” dentro de casa, rs...
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Papai Noel. Não sei porque o Dudu anda com medo de pessoas idosas. É só o menino ver uma pessoa de cabelos brancos já se agarra e diz que tem medo do vovô ou da vovó. Apesar de não saber o motivo, não forçarei o menino a se aproximar de idosos, pois penso que é uma fase e passará.
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Agora imaginem o terror do Dudu ao ver o Papai Noel de verdade nos shoppings? Rs... Ele corre para bem longe ou se agarra em nós. Por um lado isso é bom, pelo menos não sou obrigada a enfrentar a terrível fila quilométrica para tirar foto com o bom velhinho, rs... Particularmente, detesto. Não tenho a cultura forte de acreditar em Papai Noel, nem quando criança eu me ligava muito nisso. Lógico que eu amava o Natal por ganhar presentes, mas a figura do Papai Noel nunca foi marcante para mim.
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No caso de figuras ou bonecos de papais noéis a coisa é diferente. Toda vez que o Dudu vê um papai-noel de brinquedo, ou pano, disfarça a voz e fala como se ele fosse o boneco:
- Eu sou o Papai Noel! Vou tazê pesente pô Dudu!
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Ao perguntar ao menino o que o papai noel traria para ele a resposta foi:
- Um caminhão!
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Será que serve livro de caminhão? Rs...
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Fantástico mundo de Bob. Essa fase dos dois anos é muito rica! O Dudu a cada dia me surpreende com sua criatividade e esperteza. Descemos para debaixo do bloco com os meninos e brincávamos dentro de um reboque de um carro. O Guilherme achou umas britas dentro do reboque e logo atirou uma a uma no chão. De repente o Dudu grita: - Caminhão! Quando vejo, o menino achara uma brita com um lado achatado e contornos que pareciam rodas. O menino conseguiu ver um caminhão numa brita! E o pior é que parecia mesmo! Dessa vez foi a babá que quase “botou um ovo”, por ter ficado surpresa com a perspicácia do Dudu. Tão legal que quisemos guardar a pedra, mas o Guilherme a pegou, jogou no chão e não a achamos mais. Rs.... Moleque sabido!
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Ciúme. O Dudu anda batendo muito no irmão como conseqüência do ciúme. Ele quer atenção da babá, da mãe, do pai e da batchan (avó em japonês). Por vezes fica nervoso, grita, chora e até morde a babá ou a avó. Aí, é castigo na hora. Ele berra, grita, chama o pai, diz que está com saudade, mas continua lá no canto. Ele diz toda a filosofia do castigo:
- Não pode bate no Guilherme porque senão fica de castigo.
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Faro apurado. Praticamente virei um cão-policial para detectar empregadas-meliantes. Contarei depois como descobri que uma candidata era ladra.