Rabugenta
Hoje é o sétimo dia depois da quimio e estou mais nervosa do que deveria. Parece que nada está do jeito que quero... digo isso com relação aos cuidados com os meninos
Estou desesperada para que chegue logo 15 de janeiro quando terei terminado a quimio e poderei “liberar” as ajudantes...
Tudo bem que sou perfeccionista no cuidado com os meninos, seus horários, tipos de alimentos, higiene, atividades, etc...
Está difícil não fazer nada quando vejo tudo errado...exagero, confesso... mas não consigo deixar de me aborrecer...
Minha sogra e Mãe-Maria estão ajudando muito e eu não devia reclamar, mas hoje estou de mal humor... com o estômago revirado e o paladar estragado... então me agüentem, rs...
Passo pela empregada na cozinha, que já tem quase 4 meses...um recorde! E tenho vontade de chamá-la de preguiçosa pelos quilos de coisas que não faz mesmo eu pedindo. Pelo menos essa nunca faltou e é calada, toupeira, mas calada. Coitada! Darei alguma coisa a ela de Natal.
Nesses dias pós-quimio, as coisas me irritam mais facilmente e fico sem paciência, com tendências a dramas, rs... O aniversário do Ruben s está chegando, mas estou sem ânimo... Pelo menos os presentes de Natal dos meninos chegaram (antecipei tudo pela internet), os quesitos escolares estão comprados e a árvore de Natal sobrevive há uma semana! Rs...
As ajudantes. Com duas pessoas cuidando dos meninos, percebo polarizações de afetos e desafetos. Minha sogra praticamente idolatra o Dudu e esquece completamente da existência do Guilherme. A sogra chega à minha casa e só fala com o Dudu, quando vai embora a mesma coisa. Fiquei com o coração doído num dia em que ela se despediu do Dudu, esquecendo o Guilherme e ele mesmo disse:
- Táo, batan! Táo! (tchau, batchan)
Mas ela nem ouviu e foi embora. Acho que o Guilherme não ligou muito, mas fiquei chateada.
Outro dia, vi algo que não gostei nem um pouco. Os dois meninos estavam na cozinha, minha sogra abriu o armário, tirou um pacote de biscoito, deu um ao Dudu e guardou o resto. O Guilherme ficou olhando para ela esperando seu biscoito sem recebê-lo. O bichinho não disse nada e a sogra ia saindo da cozinha, quando fiquei vermelha (amarela) de raiva e rispidamente ordenei que ela desse um biscoito para o Guilherme também. Esse dia foi triste!
Quando ela vai à casa da neta só chama o Dudu, se pega algum lanche só dá ao Dudu, Sei que não faz isso conscientemente, mas faz. Só pergunta sobre os gostos do Dudu ignorando completamente as vontades do Guilherme. Até o jeito como ela diz não ao Guilherme é diferente, com menos permissividade que usa para o Dudu. Ela deixa bem clara sua preferência por um em detrimento do outro. Diante disso, o Rubens conversou com ela e as coisas melhoram um pouco. Vejo que ela é muito intensa no seu amor pelo Dudu, assim como é pelo irmão mais velho do Rubens. Contudo, essa preferência, ela bem que podia disfarçar mais, né? Principalmente por estar tão próxima aos meninos sempre.
Pelo menos a sogra é bem humorada e paciente... não sei o que seria de mim sem ela...
Eu fico de expectadora assistindo ao dia-a-dia dos meninos, sem conseguir interferir muito por conta da limitação do tratamento no pós-quimio. Dá vontade de berrar e chorar...
Já a Mãe-Maria prefere o Guilherme... Ela reclama o tempo todo como Dudu, contudo, tudo que faz por um faz pelo outro, resmungando, mas faz. Umas vezes a mulher fica passada, demorando minutos para reagir a qualquer urgência (acho que por conta do remédio de pressão), outras vezes a adquire o humor de uma pessoa de 300 anos de idade, tudo a irritando e reclamando o dia inteiro. A rabugisse é tanta que me incomoda, pois ela diz coisas ruins aos meninos o tempo todo. Tudo o que eles fazem a aborrece, se o Guilherme sai do sofá, depois volta, disso ela reclama, se ele deixa de ver o Hi5 e vai para a garagem, ela reclama e assim passamos o dia todo ouvindo a Maria rabugenta. Fora a gritaria de desaprovação para tudo que o Dudu faz e as ameaças de contar alguma traquinagem para mim. Fico ouvindo tudo do meu quarto... essas ameaças viram chantagens, quando a mulher diz que se o menino não fizer isso ou aquilo, ela delata o mal feito.... Afe! Pensando bem, ela era assim conosco... eu a detestava quando morava com minha mãe, mas depois de adulta aprendi a respeitá-la por tudo que ela passou conosco. Acho que também pela idade, a Maria prefere que o menino fique o dia todo sentado no sofá assistindo TV. Contudo, não aprovo isso e os meninos querem brincar, correr, pintar, etc... Claro que ela não maltrata fisicamente, mas briga muito. Incluiu no vocabulário Dudu a palavra egoísta, pois o taxa de egoísta quando não quer dividir algo com o Guilherme. Agora, o Dudu quando briga com o irmão, o chama de egoísta e o Guilherme também aprendeu o “xingamento”. Os dois se chamam de egoísta e malvado.
O Guilherme tem uma facilidade incrível para aprender essas palavrinhas, rs... Assistindo o desenho da “Fifi e os floriguinhos”, os meninos aprenderam o tal “malvado”. O Guilherme não poupa o adjetivo:
- Dudu malvado! Gato malvado! Guiérme malvado!
Outro dia ele estava pelado e batia no “pipiu” rindo e falando:
- “Pipiu” malvado! “Pipiu” malvado!
Todos caímos na gargalhada. Tem horas em que o pego dizendo:
- Xaco! Xaco! (saco!)
Rs... Dá para não rir?
Quando o Guilherme pede para ficar na cama chupando seu pano, a Maria o taxa de preguiçoso. O que não gosto desses adjetivos é que não mudam o jeito de ser da criança, só a rotulam e ela passa a reafirmar suas atitudes. Outras frases ruins são: vc não sabe fazer isso, não é assim, vc só faz coisa errada e vc é teimoso. Fico furiosa com isso, mas não posso me indispor com ela, pois encarar uma babá meliante seria dez vezes pior. Acho que vou pensar no pior, para achar o atual bom, rs... Como sinto falta da Luciana antes dela surtar...
Volto depois que o mal humor me deixar, acho que rabugenta estou eu, rs...
Beijos a todas.